terça-feira, 27 de abril de 2010

"Olhe bem de perto"...A terrível Beleza americana



Imagine um filme americano onde se pusesse junto duas famílias americanas de classe média, onde em uma houvesse uma filha semi-psicopata e rebelde sem causa, um pai banana, prestes a perder o emprego, controlado pela esposa, que surta e começa a se desapegar de bens materiais e das "cordas" que o prende e uma mãe materialista, apegada às imagens, com pretensões de uma carreira de sucesso. Na outra família um pai que é ex-fuzileiro, homofóbico, controlador e metódico, uma mãe dona-de-casa, fixada em organização, sem voz ou atitude, e um filho psicopata,traficante de drogas e com uma estranha fixação pela vizinha. Além de outros personagens, como um casal gay e uma ninfeta,linda, com pretensões de alcançar a fama, e com um estranho medo de ser comum. Tudo isso levando a um final repleto de traição, morte e drama. O que teríamos se esse filme fosse feito hoje? O maior clichê da história americana!
Mas quando falamos de Beleza americana, vencedor do oscar de melhor filme em 2000, além de melhor roteiro original, melhor diretor, melhor ator e melhor fotografia, isso não é um clichê, pois ele inventou tudo isso. Visivelmente a inspiração de muitos outros filmes e até seriados americanos, desde as cenas aéreas de um bairro de periferia americano, até os passeios de carro, e os jantares em família, incluindo a trilha sonora recheada de musícas pop e clássicos do rock.
Ele reinventou o gênero drama americano, com uma incrível crítica aos costumes do Tio Sam, personificado no coronel Frank Fitts e na ninfeta Angela Hayes, o primeiro um controlador, ignorante, cheio de preconceitos, que pune fisicamente quem não segue a sua linha, e a segunda que é linda, manipuladora, mentirosa, usa os outros à sua volta para parecer melhor e maior. Ambos demonstram-se amparados por frágeis pilares, que desabam ao serem confrontados, e punem severamente quem ousa chegar fundo e expor suas fraquezas.
O "desalinhado" da história é Lester Burnham (Kevin Spacey, vencedor do oscar de melhor ator por "Beleza americana" e de melhor ator coadjuvante por "Os suspeitos") que desde o início anuncia sua insatisfação com a vida superficial que leva, ao anunciar: “Meu nome é Lester Burnham. Essa é minha vizinhança. Essa é minha rua. Essa é minha vida. Eu tenho 42 anos e, em menos de um ano, estarei morto. É claro, eu ainda não sei disso. E, de certa forma, eu estou já morto." Ele surta ao se apaixonar pela amiga da filha (a ninfeta), ele resolve se desapegar dos bens materiais e da sua vida que ele próprio considera patética. Ao se afastar do chamado "Sonho americano" a vida dele começa a mudar. Ao mesmo tempo que ele passa a realizar sonhos antigos, ele está se afastando do que lhe é imposto e por isso deve ser punido, como todos são ao tentarem fugir do que o sistema americano lhe diz que é certo.
Até o título do filme é de uma subjetividade incrível, american beauty que significa beleza americana, é também o nome de uma rosa americana,que aparece em várias cenas do filme,e que apesar de parecer perfeita não tem cheiro ou espinhos, remetendo à sociedade amerioana, de longe aparentemente perfeita, mas por dentro vazia de complexidade e sentimentos.
Um filme bem feito e bem pensado, ótimo pra quem quer refletir sobre uma cultura que nos é imposta, e que ja não é suportada nem por quem a criou. Beleza americana já é um dos novos clássicos do cinema.

Um comentário:

  1. Caraca! faz um tempão q vi esse filme,depois vou até rever. Vá ser crítico de filmes,vá ser escritos,procure um emprego numa dessas revistas cult! heuheuheueh xD
    gostei do comentário do filme.

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