
Imagine um filme americano onde se pusesse junto duas famílias americanas de classe média, onde em uma houvesse uma filha semi-psicopata e rebelde sem causa, um pai banana, prestes a perder o emprego, controlado pela esposa, que surta e começa a se desapegar de bens materiais e das "cordas" que o prende e uma mãe materialista, apegada às imagens, com pretensões de uma carreira de sucesso. Na outra família um pai que é ex-fuzileiro, homofóbico, controlador e metódico, uma mãe dona-de-casa, fixada em organização, sem voz ou atitude, e um filho psicopata,traficante de drogas e com uma estranha fixação pela vizinha. Além de outros personagens, como um casal gay e uma ninfeta,linda, com pretensões de alcançar a fama, e com um estranho medo de ser comum. Tudo isso levando a um final repleto de traição, morte e drama. O que teríamos se esse filme fosse feito hoje? O maior clichê da história americana!
Mas quando falamos de Beleza americana, vencedor do oscar de melhor filme em 2000, além de melhor roteiro original, melhor diretor, melhor ator e melhor fotografia, isso não é um clichê, pois ele inventou tudo isso. Visivelmente a inspiração de muitos outros filmes e até seriados americanos, desde as cenas aéreas de um bairro de periferia americano, até os passeios de carro, e os jantares em família, incluindo a trilha sonora recheada de musícas pop e clássicos do rock.
Ele reinventou o gênero drama americano, com uma incrível crítica aos costumes do Tio Sam, personificado no coronel Frank Fitts e na ninfeta Angela Hayes, o primeiro um controlador, ignorante, cheio de preconceitos, que pune fisicamente quem não segue a sua linha, e a segunda que é linda, manipuladora, mentirosa, usa os outros à sua volta para parecer melhor e maior. Ambos demonstram-se amparados por frágeis pilares, que desabam ao serem confrontados, e punem severamente quem ousa chegar fundo e expor suas fraquezas.
O "desalinhado" da história é Lester Burnham (Kevin Spacey, vencedor do oscar de melhor ator por "Beleza americana" e de melhor ator coadjuvante por "Os suspeitos") que desde o início anuncia sua insatisfação com a vida superficial que leva, ao anunciar: “Meu nome é Lester Burnham. Essa é minha vizinhança. Essa é minha rua. Essa é minha vida. Eu tenho 42 anos e, em menos de um ano, estarei morto. É claro, eu ainda não sei disso. E, de certa forma, eu estou já morto." Ele surta ao se apaixonar pela amiga da filha (a ninfeta), ele resolve se desapegar dos bens materiais e da sua vida que ele próprio considera patética. Ao se afastar do chamado "Sonho americano" a vida dele começa a mudar. Ao mesmo tempo que ele passa a realizar sonhos antigos, ele está se afastando do que lhe é imposto e por isso deve ser punido, como todos são ao tentarem fugir do que o sistema americano lhe diz que é certo.
Até o título do filme é de uma subjetividade incrível, american beauty que significa beleza americana, é também o nome de uma rosa americana,que aparece em várias cenas do filme,e que apesar de parecer perfeita não tem cheiro ou espinhos, remetendo à sociedade amerioana, de longe aparentemente perfeita, mas por dentro vazia de complexidade e sentimentos.
Um filme bem feito e bem pensado, ótimo pra quem quer refletir sobre uma cultura que nos é imposta, e que ja não é suportada nem por quem a criou. Beleza americana já é um dos novos clássicos do cinema.
Caraca! faz um tempão q vi esse filme,depois vou até rever. Vá ser crítico de filmes,vá ser escritos,procure um emprego numa dessas revistas cult! heuheuheueh xD
ResponderExcluirgostei do comentário do filme.